Ainda sobre Gramática: os erros mais comuns e como evitá-los

No artigo “A verdadeira função da Gramática para o escritor“, defendemos a ideia de que o escritor deve conhecer a Gramática para facilitar a produção de textos compreensíveis pelos leitores a quem deseja se dirigir. Porém, precisamos reconhecer que não é exatamente indispensável tornar-se um especialista em Gramática, conhecedor de todos os seus meandros e minudências, para aprender a escrever bons textos em Língua Portuguesa.

Vale lembrar que, quando escrevemos a expressão “bons textos”, não estamos tratando de textos literários aspirantes ao Prêmio Nobel, mas de textos dissertativos que sejam, ao mesmo tempo, comunicativos, agradáveis de ler e… Gramaticalmente corretos.

Em meus anos de experiência com correção e revisão de centenas de textos, observei que há três tipos de erros de Gramática muito comuns e que são, ao mesmo tempo, facílimos de evitar.

Ortografia: um lugar para cada letra, cada letra em seu lugar!

Ninguém jamais dirá com sinceridade que a ortografia da Língua Portuguesa é simples, prática ou intuitiva. Entretanto, não se trata de um “bicho de sete cabeças” impossível de enfrentar e aprender.

A forma mais prática de aprender ortografia envolve 3 providências:

  1. Leia diariamente textos de editores com boa reputação. Sim, é verdade, existem alguns editores por aí que não ligam para a qualidade dos textos que publicam. Mas incidência de erros de ortografia em textos de origem confiável tende a ser menor do que 1:1000. Quanto mais você se expuser a textos redigidos segundo os princípios da ortografia, mais rapidamente você absorverá a forma correta das palavras.
  2. Use o corretor ortográfico quando escrever, mas não confie nele. Com a tecnologia de correção ortográfica dos modernos editores de texto, não há mais motivo para cometer erros grosseiros, como trocar o “g” pelo “j” ou o “s” por “ç”. Entretanto, cuidado! Os corretores ortográficos, muitas vezes, contêm erros de ortografia registrados como se fossem a forma correta! Mais: algumas vezes, o corretor ortográfico não reconhece uma forma correta e sugere outra, com significado totalmente diferente!
  3. Consulte dicionários. O melhor amigo do escritor sempre foi, e sempre será, o dicionário. Seja em versão online, digital ou impressa, você não pode prescindir de consultar o dicionário sempre que você tiver qualquer dúvida sobre a grafia correta de uma palavra. De preferência, tenha mais de um dicionário à sua disposição para comparar as diferentes definições e explicações quando a dúvida for mais séria.

Concordância e regência: mude um, mude tudo!

É claro que você sabe que “uma pessoa escreve” e que “duas pessoas escrevem”. A dificuldade começa quando é preciso saber se “A maioria das pessoas escreve” ou “A maioria das pessoas escrevem“!

Você também sabe que é correto escrever “Eu gosto de sorvete” em vez de “Eu gosto sorvete”. Mas não é tão óbvio assim decidir se devemos escrever “Este é o sorvete que gosto” ou “Este é o sorvete de que gosto”!

Em casos como esses, a polêmica esquenta, as discussões se multiplicam, a dúvida permanece.

Na minha experiência, o melhor a fazer, nesses casos é seguir a opção mais conservadora. O que diz a Gramática sobre a melhor opção segundo a “norma culta”? Escolha essa e ninguém dirá que você está errado!

A melhor maneira de aprender concordância e regência é exercitando-se. Adquira um bom livro didático de Gramática e faça todos os exercícios que puder.

A propósito, as apostilas de cursinhos para concursos públicos costumam ser ótimas fontes de exercícios sobre todos os temas em Língua Portuguesa. Examine as diferentes opções disponíveis no mercado e escolha a que tiver a maior quantidade de exercícios. Mas não confie inteiramente no “gabarito” dessas apostilas porque, muitas vezes, eles contêm erros nas respostas!

Pontuação – a Música também é feita de silêncio!

Os sinais de pontuação não são apenas “pausas para respirar”. Também são sinais lógicos que separam as partes da frase em unidades distintas. Os erros mais comuns de pontuação são os cometidos por pessoas que ignoram essa realidade e saem escrevendo sem pensar, incluindo sinais de pontuação indiscriminadamente ou, ao contrário, redigindo sem incluir uma única pausa no texto.

Mais uma vez, para bem usar a pontuação, a solução é ler bons textos de fontes confiáveis. Mas, desta vez, ler em voz alta, fazendo as pausas sonoras e lógicas exigidas por cada sinal de pontuação. Ao longo do tempo, você se tornará mais consciente da necessidade de incluir pausas para facilitar o entendimento de seus textos.

Também vale lembrar: em caso de dúvida, seja conservador e siga a regra gramatical para uso da pontuação. Desta forma, seu texto nunca estará flagrantemente errado e você poderá deixar para discutir o mérito de sua escolha após um estudo mais aprofundado das diferentes opções de pontuação.

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