Como escolher mestres e críticos

Recebi, nesta manhã, uma mensagem em que um rapaz de 17 anos me perguntava qual seria a idade ideal para começar a se tornar um escritor de sucesso.  Em minha resposta, ponderei que, na verdade, tornar-se escritor é um processo, uma ação contínua de exercício e aperfeiçoamento. Você, de fato, já é um “escritor” desde que foi alfabetizado!

O que você deve fazer, caso queira se tornar um escritor profissional, é continuar estudando, exercitando e aperfeiçoando sua técnica de escrita, frequentando aulas como as deste curso online de redação, lendo livros e artigos e, principalmente, escrevendo e submetendo os seus escritos à apreciação crítica de uma pessoa capacitada a ajudá-lo a se desenvolver.

Este último ponto é fundamental: não mostre seus rascunhos para qualquer um. Nenhuma arma, branca ou de fogo, química ou nuclear, jamais matou tantas carreiras literárias promissoras quanto as críticas maldosas e destrutivas de pessoas invejosas que não suportam ver alguém tentando fazer alguma coisa para que lhes falte competência e coragem.

Por outro lado, entenda: você é e sempre será o seu PIOR crítico. Num momento, você lerá o seu próprio texto e, de tão feliz com o resultado, ficará cego para os seus defeitos mais evidentes. No momento seguinte,  você será assaltado por dúvidas, por um inarredável sentimento de insegurança que o levará a jogar no lixo um texto que, com apenas algumas correções, poderia resultar brilhante.

É nesses momentos de insegurança que muitos escritores iniciantes acabam mostrando seus rascunhos a pessoas da família, pela maior facilidade de obter sua atenção. Em princípio, não há nada de errado em pedir a opinião de um parente mas, ao fazê-lo, muitas pessoas esbarram em dois problemas.

Primeiro: as pessoas que amam você provavelmente se sentirão inibidas de apontar algo além dos defeitos mais óbvios – por exemplo, os erros de ortografia – no texto de um ente querido que os observa com a respiração curta, os olhos brilhando suplicantes de um elogio, as mãos esfregando a ansiedade nas palmas suadas.

O segundo problema é o fato de que as pessoas que mais nos amam nem sempre dispõem do conhecimento e da experiência indispensáveis ao ensino da técnica de escrever, limitando-se a alguns palpites e dicas genéricas que, muito frequentemente, revelam-se inúteis, contraproducentes ou, de outra forma, desprovidas de aplicabilidade prática.

Por tudo isso, repetimos que é fundamental submeter os seus rascunhos à apreciação crítica, mas somente à apreciação crítica de quem esteja capacitado a ajudá-lo a se desenvolver!

O que estou dizendo é que você não deve apresentar seus rascunhos a alguém que não escreva melhor do que você. De preferência, muito melhor. Você não deve apresentar seus escritos a alguém sem ter lido antes alguma amostra dos textos redigidos por essa pessoa. Para um escritor, só interessa a opinião de autores de textos que tenham despertado um sentimento de sincera admiração.

Se você, ao ler o texto de um autor, não pensar algo como “UAU, esse cara escreve bem melhor do que eu!”, conclua logo que você não precisa da opinião desse autor.

O mesmo vale para cursos e palestras. Basta uma rápida busca no Google para encontrar dezenas de sites repletos de fotos, animações e efeitos visuais, com mínimo espaço para textos, oferecendo “aulas de Português” e “aulas de Redação” .

Ora, como você poderia avaliar a competência de um professor de  Português ou de Redação que não se digna a escrever alguma coisa sobre o seu trabalho em seu próprio site? Impossível.

Uma pessoa que não sabe escrever, não pode ensiná-lo a escrever, porque escrever é um ato de criação, não o resultado de uma equação ou de uma extensa análise científica ou estatística. Embora seja possível ensinar Teoria da Literatura sem jamais ter escrito um único conto, é impossível ensinar alguém a escrever um conto sem ter enfrentado na prática cada uma das dificuldades inerentes ao ato da criação de contos.

A criação de textos se assemelha mais às artes culinárias do que à Ciência. Ninguém pode ensiná-lo a cozinhar bem se não for um excelente cozinheiro.

Neste site, escrevo textos considerados “longos” para os padrões normalmente encontrados na web brasileira, porque meu objetivo primordial é selecionar para este curso pessoas que não tenham preguiça de ler. Não se engane: ninguém pode aprender a escrever bem se não estiver disposto a ler muito, pois grande parte do aprendizado da arte da escrita é consequência direta de admiração e imitação. Lemos um autor, admiramos sua escrita, imitamos suas técnicas em nossos próprios textos, superamos a imitação para criar nossas próprias técnicas.

Ora, pessoas que não têm preguiça de ler certamente poderão julgar se o autor de um texto mais extenso tem ou não algo a ensiná-las, tarefa impossível quando tudo o que se oferece ao leitor são pequenas “tripas” de textos permeados de chavões publicitários.

O meu texto está em todas as páginas deste site, em cada página, em cada widget, em cada artigo deste blog. Neste site, não há nem uma única palavra que não tenha sido originalmente redigida por mim, inclusive a Política de Privacidade e os Termos de Serviço. Examine com atenção os textos deste site e, caso perceba que você tem algo a aprender com o autor desses textos, confira nossa proposta de curso e faça sua matrícula.

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