Ler e escrever, cara e coroa

Na última quinta-feira, abri o site do jornal “O Globo” apenas para trombar com a seguinte frase:

“No levantamento de novembro de 2013, a petista tinha uma avaliação positiva do seu governo de 43%”.

A petisTA TINHA, redação d’O Globo???

Decidi fazer uma pesquisa no Google para verificar outras ocorrências dessa expressão exata: “petista tinha”. Veja o resultado:

Pesquisa Google para a expressão "petista tinha" encontra 102 ocorrências.

Pesquisa Google para a expressão “petista tinha” encontra 102 ocorrências.

É. Não foi acidente.

Já faz algum tempo que a leitura dos jornais não pode mais ser considerada a melhor indicação para quem deseja aprender a escrever. A situação só tem piorado, especialmente nas versões online.

O importante não é teorizar sobre as supostas causas da dramática queda de qualidade dos textos publicados nos veículos noticiosos, mas descobrir que providências podemos tomar.

Precisamos entender que, em grande parte, é por imitação inconsciente que aprendemos a escrever. Basta ler um mesmo autor por alguns dias para que nossos textos comecem a reproduzir inadvertidamente o ritmo das frases, a escolha de palavras, as figuras de linguagem…

E também os erros de gramática, as deficiências de estilo e os tropeços de sonoridade!

Assume, portanto, importância vital a seleção cuidadosa do tipo leitura a que você vai se expor durante o período em que estiver aprimorando sua redação.

Nesse caso específico, temos de concordar com os que defendem o bordão: a qualidade é mais importante do que a quantidade.

Sugestão? Leia livros. Dez páginas por dia. Romances, contos, novelas, biografias, narrativas de fatos históricos.

Não é uma boa ideia começar com livros traduzidos, já que a tradução é uma versão de um texto produzido em idioma estrangeiro, seguindo os princípios da boa comunicação no idioma estrangeiro e as regras de estilo do idioma estrangeiro. Por melhor que seja o tradutor, na melhor das hipóteses você sempre estará lendo um “texto em idioma estrangeiro, embora escrito com palavras portuguesas”!

Fuja de livros de negócios. Evite também obras escritas por “celebridades” que não sejam profissionais da escrita.

Procure obras de brasileiros e portugueses que atuem como escritores, jornalistas, professores e cientistas.

Profissionais da escrita, ok?

Para que ninguém diga que chegou a este artigo e saiu sem pelo menos uma indicação de leitura, vou recomendar as obras daquele que considero um dos melhores escritores brasileiros de ficção da atualidade: Eduardo Spohr. Um autor jovem, mas muito hábil no manejo das palavras, ele vem publicando narrativas de fantasia no estilo J. R. R. Tolkien e George R. R. Martin. Recomendo 3 títulos:

A batalha do Apocalipse

Anjos da Morte

Filhos do Éden

São obras divertidas, de leitura rápida e agradável, com muita informação e texto que você pode imitar à vontade, sem medo de escrever “TATINHA”!

Vale observar que, se você decidir comprar as obras acima clicando nos links que publiquei nesta página, você estará colaborando para a continuidade deste projeto, já que uma parte do valor pago reverterá para nós sob a forma de bônus para compra de livros na própria Amazon.com.

Afinal, um professor de redação precisa ler pelo menos tanto quanto os alunos!

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