Domine a sintaxe e liberte o escritor que há dentro de você!

Homens em torno de uma estante com tubos de ensaio coloridos.

Como escolher a opção certa na estante de opções sintáticas? Imagem: “Scientists With Test Tubes” by digitalart

Há 30 anos, eu concluía o ensino médio ― na época, chamava-se “Segundo Grau”. Naquela era remota, o grande “bicho-papão” dos estudantes de Língua Portuguesa chamava-se “Análise Sintática”, um monstrengo coberto de escamas venenosas e garras afiadas que, ao que me lembre, ninguém conseguia entender completamente. Aprendia-se o bastante para acertar a maioria das questões da prova e passar no Vestibular e, depois, enterrava-se esse conhecimento junto às demais informações sem uso na vida cotidiana, como o nome dos afluentes do Rio Amazonas e os métodos de resolução de operações com logaritmos.

As aulas de análise sintática eram uma beleza. A professora escrevia um exemplo no quadro negro e, durante a meia hora seguinte, derramava sobre nossos cérebros de estudante a água benta da Lógica, da semântica, da Gramática, das mil e uma sutilezas e minudências, das centenas de exceções e contradições ocasionadas pela simples presença ou ausência, real ou subentendida, de uma simples partícula, uma preposição ou artigo, sobre a significação e os méritos estilísticos da frase.

Não é preciso dizer que ninguém entendia nada.

Para ser sincero, até que entendíamos alguma coisa quando apresentados ao exemplo do quadro-negro, normalmente alguma coisa como “Mamãe trouxe um cacho de bananas da feira”. O problema é que as frases dos exercícios do livro ou das provas não ofereciam menos do que 30 palavras emaranhadas em quatro ou cinco orações para a meninada destrinchar.

Não é preciso dizer que todos odiávamos Análise Sintática, desprezada como mais um item de cultura inútil a ser esquecido dois minutos após a aprovação no Vestibular ― pelo menos, por quem não tivesse optado pelo curso de Letras!

Alguns anos depois, eu estava enfrentando dificuldades em uma das disciplinas da faculdade de Comunicação. O professor, chamado Geir Campos, ― poeta, tradutor, jornalista, enfim, um autêntico escritor ― devolvia-me provas e trabalhos rabiscados de alto a baixo com tinta vermelha, corrigindo cada palavra que eu escrevera com tanto orgulho de minhas próprias habilidades… Ora, como se atrevia? Não havia um único erro de ortografia, regência, concordância… Do ponto de vista da Gramática, os meus textos eram impecáveis!

O problema é que um texto bom não é feito de falta de erros…

Aos poucos, à medida que conseguia engolir o orgulho, fui percebendo que “o Geir tinha razão”. O problema de meus textos era a total inadequação no uso da sintaxe!

Envergonhado, procurei o professor em busca de conselhos e ele recomendou que eu estudasse “o livro do Othon”, ele mesmo, o livro já muitas vezes citado aqui, o verdadeiro inspirador deste curso de redação online, o “Redação em Prosa Moderna”, do Othon Moacyr Garcia, editora FGV.

O estudo dessa obra magnífica teve o efeito de remover uma venda diante de meus olhos. Tudo o que as professoras se descabelavam para explicar ― e eu não conseguia entender ― começou a fazer sentido.

A grande dificuldade é que a Sintaxe não se reduz à Análise Sintática. De fato, a Análise Sintática é a atividade de destrinchar os elementos sintáticos de uma frase que já foi redigida, classificando-os em vidrinhos com rótulos e armazenando-os na prateleira certa da estante adequada. A Análise Sintática não lhe diz nada sobre o que podemos chamar de “Síntese Sintática”, isto é, a atividade de escolher os vidrinhos na prateleira da estante de elementos sintáticos para escrever frases adequadas, perfeitas, sonoras, eloquentes, convincentes, nota dez!

A Análise Sintática é atividade posterior à criação de boas frases. Como tal, não ensinará você a criar boas frases.

Estudando o “livro do Othon”, aprendi os critérios para escolher os melhores “vidrinhos” conforme a minha intenção de dizer. Por exemplo, se eu queria causar no leitor a impressão X, deveria usar orações coordenadas, se a intenção fosse Y, seria mais conveniente usar orações subordinadas.

Estupefato, descobri que cada uma daquelas palavrinhas complicadas da Sintaxe tem uma utilidade, desempenha uma função valiosa para o escritor!

Entretanto, logo descobri que o grande problema do “livro do Othon” é, justamente, sua maior qualidade. É um livro completíssimo, que aborda praticamente tudo o que é necessário nesse campo. Como resultado, é um livro complicado, enorme, difícil de ler e estudar, além de não obedecer ao princípio didático da dificuldade progressiva, isto é, conduzir gradativamente o aluno das tarefas mais simples até as mais complexas, sem “saltos” de dificuldade: cada exercício que o aluno fizer deve ser um pouco mais difícil do que o anterior e um pouco mais fácil do que o exercício seguinte.

Durante anos, pensei em como oferecer a jovens alunos como eu mesmo fora uma maneira de ensinar o conteúdo essencial do “livro do Othon” sem me perder em minúcias que poderiam mais confundir do que esclarecer o estudante. O resultado está consolidado nas 120 lições deste “Curso Online de Redação”. Na segunda parte do curso, em que abordamos a construção de frases, você terá acesso a lições simples em que poderá exercitar os critérios de utilização da Sintaxe para a redação de frases, de forma prática que você poderá utilizar imediatamente.

Nosso objetivo neste curso, como já dissemos, é bastante simples e modesto: ensinar ao estudante um conjunto bastante amplo de técnicas de escrita que ele possa aplicar imediatamente aos textos que precisa escrever, seja na escola, na universidade ou no trabalho. Nosso desejo incessantemente perseguido é que você, a cada lição que fizer, aprenda alguma coisa que possa começar a usar no mesmo dia.

Se você quer começar imediatamente a melhorar a qualidade de sua redação, aprendendo um pouquinho a cada dia, um passo de cada vez, até que redigir se torne para você uma atividade tão simples quanto alimentar-se e respirar, clique aqui e matricule-se já!

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