Preconceito linguístico? (Redação de aluno do curso)

Nota do editor: Gustavo Antonio Noronha Lima é um jovem aluno deste curso online de Redação que obteve recentemente sua licenciatura em Letras. Ele produziu, na lição 73, um excelente artigo sobre tema polêmico e pertinente ao tema deste curso − o “preconceito linguístico” − e autorizou-me a publicá-lo neste blog. Observe que, como se trata de artigo assinado, os argumentos nele expressos não representam necessariamente a opinião deste site.

Se você gostar do artigo e quiser aprender a escrever textos como esse, basta fazer já sua matrícula!


Os “bons” acadêmicos: eu sei de quem a língua é!

Gustavo Antonio Noronha Lima
Foto: “Shocked And Surprised Triplets” por Stuart Miles - cortesia de Freedigitalphotos.net

Será que exigir obediência às regras da Gramática é uma forma de “opressão social”? Foto: “Shocked And Surprised Triplets” por Stuart Miles – cortesia de Freedigitalphotos.net

Entre os linguistas mais lidos nos cursos de Letras da atualidade estão Sírio Possenti e Marcos Bagno, dois defensores da tese do “preconceito linguístico”. Tais linguistas defendem a ideia de que pessoas das mais altas classes sociais e das regiões mais ricas do país conseguiram impor seu modo de falar e escrever como padrão nacional, utilizando-o para manter-se no poder. Segundo esses autores, em resultado do uso opressivo da norma padrão, criou-se uma cultura de preconceito contra os que não são capazes de seguir a norma culta através da definição, ainda que arbitrária, de noções de “certo” e “errado”. Analisaremos a seguir até que ponto as ideias desses dois nomes respeitados no meio acadêmico podem ser consideradas representativas da realidade brasileira.

Uma análise factual rapidamente revela que a “elite dominante”, composta pelos “cidadãos mais influentes” do Brasil, de fato, não busca de forma alguma o “comando” das mudanças da Língua Portuguesa. A elite econômica brasileira está longe de ser das mais letradas, demonstrando, na prática, total desinteresse na evolução do idioma. Por exemplo, não se tem notícia de que a família Marinho, controladora das Organizações Globo, ou outros empresários influentes no meio político já tenham promovido uma campanha ou, de outro modo, “mexido os pauzinhos” para que uma reforma ortográfica fosse realizada de acordo com seus desejos. No Congresso Nacional, um dos poucos políticos que se gaba de possuir um maior domínio do idioma português é o senador Fernando Collor de Mello, o qual, até onde sabemos, jamais escreveu uma dissertação sobre quais mudanças a língua, segundo seu julgamento, deveria sofrer. De todo o falatório dos acadêmicos, acusando elites imaginárias e vilões afins de tramarem contra a língua pátria, a conclusão a que chegamos é a de que os verdadeiros responsáveis pelas dezenas de mudanças que o português sofreu nos últimos cem anos foram os acadêmicos burocratas, isto é, aqueles ligados ao governo.

Um dos argumentos preferidos dos defensores da noção de “preconceito linguístico” é o de que a norma culta é necessária para obter acesso ao poder, tese defendida por linguistas como Possenti. Ora, o que esse autor deixa de esclarecer é de que forma o simples fato de conquistar ou não o domínio da norma culta serviria como instrumento de ascensão ao poder ou como forma de opressão. Possenti parece criar um mundo inexistente, fora da realidade, ao não perceber que, no Brasil, as classes altas nunca se interessaram especialmente pela aquisição de cultura (exemplos deste fato podem ser encontrados em obras de Lima Barreto como “Os Bruzundangas” ou “O Homem que Sabia Javanês”) sendo, em grande parte, incapazes de fazer uso da forma culta da língua. Outro fator que comprova a falácia no argumento de Possenti é o exemplo de homens como ex-presidente Lula e o deputado federal Tiririca que, embora incapazes de proferir um longo discurso sem cometer erros execráveis, conseguiram chegar aos mais altos cargos da república. Em resumo, a ascensão ao poder, no Brasil, não está diretamente ligada ao domínio da Gramática do idioma.

Uma outra tese defendida pela dupla Sírio e Bagno é a de que fala e a escrita dos pobres seria alvo de correções e deboches devido a seus erros gramaticais, enquanto os ricos estariam livres para falar da maneira que bem entendessem. Ora, a ideia de que são utilizados dois pesos e duas medidas na avaliação da expressão linguística de ricos e de pobres beira o ridículo pois esse tipo de crítica, em nossa cultura, é dirigido muito mais intensamente sobre a classe supostamente intelectualizada. Basta assistir a programas humorísticos e telenovelas da Rede Globo de Televisão para observar que a crítica mais contundente recai sempre sobre aqueles que criticam o uso errado do idioma, retratados como “esnobes” ou “elitistas”, em vez do contrário. Também é possível fazer um experimento: convide duas pessoas para uma festa, sendo que uma falará da maneira mais correta possível enquanto a outra falará erroneamente. Ao final do evento, verifique qual das duas pessoas receberá o maior número de críticas e elogios pelo seu modo de falar.

A Gramática surge através do uso da língua pelos grandes escritores − por exemplo, Luís de Camões e Machado de Assis. É fácil verificar a verdade dessa afirmação: basta observar que as gramáticas, na maioria dos casos, usam exemplos literários para demonstrar as regras da língua. Isso nos permite dizer que a língua portuguesa é a de Camões; a língua inglesa, a de Shakespeare; a língua italiana, a de Dante. Contudo, também existe a percepção de que a Gramática não será capaz de abarcar todos os usos da língua, o que dá origem a adaptações, como a “literatura de cordel”, os dialetos regionais, as letras de estilos musicais populares como o samba, os famosos “causos da roça” − enfim, é possível que as variantes coexistam, cada uma em seu lugar, no âmbito da mesma sociedade. Linguistas defensores da ideia de “preconceito linguístico” vivem alheios à realidade, argumentando com base na descrição de um país fictício, no qual só a norma gramatical culta seria aceita e, somente ela ditaria o que é certo e errado no idioma, ignorando todas as outras formas de expressão.

O que se vê nesse tipo de análises linguísticas é o total desconhecimento sobre a situação concreta dos problemas que apontam. Caso realmente haja pessoas da dita “classe dominante” tão desprovidas de inteligência que percam seu tempo discriminando pessoas de classe baixa devido ao uso que fazem da Língua Portuguesa, esse problema não estará, de forma alguma, vinculado à norma culta. Nessa hipótese teríamos, de um lado, indivíduos insensíveis, incapazes de perceber a situação socioeducacional precária do país; do outro, pessoas humildes sofrendo as consequências dessa mesma situação. No meio desse conflito, encontraríamos aqueles que deveriam estar se esforçando para entender a situação concreta mas que, ao contrário, não somente a ignoram como contribuem para agravá-la − os acadêmicos de Letras. Incapazes de esclarecer a situação para os dois lados do suposto “conflito”, os estudiosos profissionais do idioma pátrio acabam por criar um  debate totalmente falacioso que serve apenas para disseminar a desordem e impossibilitar a chegada a uma solução. Unindo-se o dinheiro e a capacidade de mobilização de capital humano da “elite” com o conhecimento dos acadêmicos, deveria ser possível desenvolver projetos de alfabetização e de disseminação da norma culta que dariam resultados muito melhores do que esse conjunto acusações vazias e estéreis.


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Como encontrar o sinônimo certo de uma palavra desconhecida

Você sabe por que os dicionários registram tantos sinônimos diferentes para cada palavra que você consulta? Assinale a opção correta:

Opção A: Porque são todas palavras equivalentes, igualmente intercambiáveis em todas as situações.
Opção B: Porque cada uma dessas palavras tem, em sua origem, um significado próprio, sendo intercambiáveis apenas em situações em que seu sentido seja perfeitamente equivalente.

É evidente que a resposta correta é a opção B! Observe a figura a seguir:

Área de sinonímia: interseção de campos de significação

Figura 1: Cada palavra, na verdade, é um rótulo para um campo de significação. O fenômeno da sinonímia ocorre apenas na área de interseção de dois ou mais campos.

Toda palavra de um idioma funciona como um “gatilho mental” que rotula um “campo de significação”, isto é, um conjunto de significados. Sempre que um escritor ou falante da língua usa uma palavra, ela “dispara” esse conjunto de significados. Cabe ao leitor ou ouvinte o esforço de identificar qual ou quais eram os significados pretendidos pelo emissor da mensagem em meio à vastidão de opções de significados disponíveis.

Praticamente não existem sinônimos perfeitos − isto é, perfeitamente intercambiáveis em todo e qualquer sentido possível no escopo do idioma. As exceções notáveis são as variações regionais ou internacionais para um mesmo objeto − por exemplo, os mil nomes brasileiros para “mandioca”, ou as diferenças entre as palavras preferidas em Portugal, no Brasil e em outros países de Língua Portuguesa − e alguns termos técnicos ou profissionais.

Mesmo nesses casos de sinonímia “perfeita”, é possível encontrar variações de sentido ou preferências de emprego em certos contextos, devido, por exemplo, à sonoridade das palavras. Além disso, temos que considerar um aspecto da relação de sinonímia que é um pouco mais difícil porque transcende a capacidade de registro em dicionário: o uso normalmente adotado em certos tempo e lugar. Ou seja, não basta, muitas vezes, apenas consultar o dicionário; há que saber como seus pares usam as palavras, na época e no local em que você vive.

Vou me furtar ao esforço de formular exemplos; você mesmo os encontrará em sua área de atuação profissional, seja qual for, pois esse fenômeno é conhecido por todos os que já mudaram de emprego alguma vez na vida: nenhuma empresa usa as palavras do mesmo modo que todas as outras para dizer as mesmas coisas, sendo amplamente conhecido e estudado o fenômeno da “gíria profissional”.

Esta explicação toda teve apenas o singelo objetivo de dizer o seguinte: é importantíssimo, fundamental, essencial, crucial (ei, será que as quatro palavras que antecedem estes parêntesis são sinônimas?) adquirir o hábito de consultar o dicionário. Mas não basta consultar o dicionário: é preciso SABER IDENTIFICAR qual dos significados listados no dicionário foi utilizado no texto que você está lendo!!!

Vamos ver um exemplo prático: a palavra “procrastinação”. Trata-se de um termo técnico, com um amplo campo de aplicação na Administração de Empresas, na Psicologia, na Sociologia e outras áreas das Ciências Humanas. Infelizmente, os dicionários da Língua Portuguesa não registram esse sentido. Por exemplo, veja a definição do dicionário Aulete:

procrastinação
(pro.cras.ti.na.ção)
sf.
1. Ação ou resultado de procrastinar; ADIAMENTO

Confira, agora, o sentido dessa palavra em alguns dicionários de língua inglesa:

procrastination

Dictionary.com: noun 1. the act or habit of procrastinating, or putting off or delaying, especially something requiring immediate attention.

Oxford: the act of delaying something that you should do, usually because you do not want to do it

Merriam-Webster: to be slow or late about doing something that should be done : to delay doing something until a later time because you do not want to do it, because you are lazy, etc.

Longman: (formal) to delay doing something that you ought to do, usually because you do not want to do it [= put off]

American Heritage: v.intr.
To put off doing something, especially out of habitual carelessness or laziness.
v.tr.
To postpone or delay needlessly.

Estando de acordo quanto ao sentido da palavra “procrastinação”, resta esclarecer o seguinte: o que fazer, qual o procedimento a seguir, quando nenhum dos significados registrados no dicionário que consultamos parece corresponder ao sentido da palavra na frase − por exemplo, quando a palavra “procrastinação”, no texto, parece ter um sentido diferente do registrado no dicionário Aulete?

Em primeiro lugar, avalie a qualidade do texto como um todo. Caso pareça ter sido redigido por um amador de limitada competência, provavelmente trata-se de um simples caso de uso da palavra errada na hora errada.

O segundo passo, caso o primeiro não se aplique, é consultar outros dicionários: há inúmeras opções de dicionários em Língua Portuguesa disponíveis online, mas é sempre bom ter em casa e no escritório algumas opções de dicionários “em papel”.

O terceiro passo é consultar enciclopédias, pois normalmente incluem, além de uma definição básica, uma discussão conceitual sobre a palavra. A Wikipédia não é uma fonte ruim, especialmente se você confrontar os verbetes em mais de um idioma. Por exemplo, vejamos o que diz a Wikipédia sobre a palavra “procrastinação”:

PT: Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está a procrastinar, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, torna-se um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de problemas psicológicos ou fisiológicos.
A palavra em si vem do latim procrastinatus: pro- (à frente) e crastinus (de amanhã). A primeira aparição conhecida do termo foi no livro Chronicle (The union of the two noble and illustre famelies of Lancestre and Yorke) de Edward Hall, publicado primeiramente antes de 1548.
Logo, um procrastinador é um indivíduo que evita tarefas ou uma tarefa em particular.

ES: La procrastinación (del latín procrastinare: pro, adelante, y crastinus, referente al futuro)2 , postergación o posposición es la acción o hábito de retrasar actividades o situaciones que deben atenderse, sustituyéndolas por otras situaciones más irrelevantes o agradables.

EN: Procrastination is the avoidance of doing a task which needs to be accomplished.[1] It is the practice of doing more pleasurable things in place of less pleasurable ones, or carrying out less urgent tasks instead of more urgent ones, thus putting off impending tasks to a later time. Sometimes, procrastination takes place until the “last minute” before a deadline. Procrastination can take hold on any aspect of life — putting off cleaning the stove, repairing a leaky roof, seeing a doctor or dentist, submitting a job report or academic assignment or broaching a stressful issue with a partner. Procrastination can lead to feelings of guilt, inadequacy, depression and self-doubt.

FR: La procrastination (du latin pro, qui signifie « en avant »1 et crastinus qui signifie « du lendemain »1) est une tendance à remettre systématiquement au lendemain des actions (qu’elles soient limitées à un domaine précis de la vie quotidienne ou non). Le « retardataire chronique », appelé procrastinateur, n’arrive pas à se « mettre au travail », surtout lorsque cela ne lui procure pas de satisfaction immédiate.

Finalmente, o próprio texto costuma fornecer pistas sobre o sentido da palavra. Por exemplo, veja este trecho de um editorial do jornal “O Estado de S. Paulo”:

“No entanto, não se pode confundir prudência com procrastinação. Ao adiar decisões por tempo demasiado…”

O próprio texto explica em que sentido o autor usou a palavra “procrastinação”: “adiar decisões por tempo demasiado, além do recomendável pela prudência”.

Resumindo, quando os significados registrados no dicionário consultado por você parecem não se “encaixar” no sentido do texto que está lendo, siga estes passos:

  1. Verifique se o texto foi escrito por um profissional ou por um amador;
  2. Consulte mais de um dicionário da Língua Portuguesa;
  3. Consulte dicionários de idiomas estrangeiros;
  4. Consulte enciclopédias; se possível, em mais de um idioma;
  5. Quando tudo mais falhar, extraia o sentido do próprio texto.

Siga os passos rigorosamente na ordem em que os apresentamos. Veja: um grande problema criado pelos tais “exercícios de interpretação de textos” que empesteiam as escolas brasileiras é que eles se baseiam na expectativa de que os alunos entendam o significado de um texto saltando diretamente para o passo 5! O resultado? Todo mundo tentando “pegar o sentido no contexto” (sic) e ninguém entendendo nada!

É por isso, e apenas por isso, que, no Brasil, apenas 8% da população conseguem entender plenamente o significado de um texto. Somente o seu esforço contínuo para seguir os cinco passos indicados anteriormente poderá salvá-lo do grupo dos 92% que, na melhor das hipóteses, conseguem entender apenas parcialmente os textos que leem. Quem fizer esse esforço colherá os benefícios mais rapidamente do que imagina. Caso você sinta que precisa de acompanhamento sistemático para ajudá-lo na aplicação prática desta e de outras técnicas para domínio da linguagem escrita, considere a possibilidade de matricular-se em nosso curso online de redação.

Reler e reescrever: uma questão de respeito

A pessoas vêm a este curso online de redação porque desejam aprender a escrever. Mas alguns se surpreendem quando digo que 50% ou mais do ato de escrever consiste, em verdade, no trabalho de reescrever.

Como se escreve um texto, uma “redação”? Vejamos um passo a passo descritivo  – isto é, que não entra em detalhes quanto a motivos, razões, justificativas ou métodos:

Primeiro passo: Escreva, escreva, escreva, até o ponto final, sem se preocupar muito (sim, é preciso se preocupar um pouco!) com a forma que o texto está assumindo. Sua maior preocupação, neste primeiro passo, é registrar seus pensamentos.

Segundo passo: Leia novamente o seu texto, para detectar erros de Ortografia, bem como outros erros de Gramática.

Terceiro passo: Leia novamente o seu texto para melhorar o vocabulário. Sublinhe aquelas palavras mais genéricas, que podem levar o leitor a entender o contrário que você quis dizer. Consulte o dicionário e procure sinônimos melhores para as palavras que você mesmo escreveu.

Quarto passo: Leia novamente o seu texto e pense em formas melhores de redigir as frases. Procure problemas de sonoridade e resolva-os. Faça inversões, mude a sintaxe.

Quinto passo: Leia novamente o seu texto e procure melhorar sua forma de expressar-se. Adicione figuras de estilo. Melhore a divisão em parágrafos de acordo com critérios objetivos e inteligentes. Mude a ordem de entrada das ideias no texto. Divida as ideias complexas em tópicos. Acrescente gráficos, tabelas e ilustrações para sintetizar visualmente os aspectos mais difíceis de seu texto.

É claro que “faltaram passos” na lista acima. Foi apenas uma descrição rápida, com o objetivo de ressaltar que o elemento comum a todas as etapas que se seguem à primeira é “leia novamente o seu texto“.

A maior parte dos brasileiros escreve mas não lê o que escreveu, especialmente na internet. É principalmente por isso que, no Brasil, boa parte do conteúdo das redes sociais, dos fóruns online e das seções de comentários dos blogs e sites de notícias é, com o perdão da sinceridade, de leitura insuportável. Quando alguém se queixa, as reações “ofendidas” demonstram que, em última análise, essas pessoas não respeitam os seus leitores.

Cabe a você – a cada um de nós – agir de forma diferente. Respeite os seus leitores. Respeite os donos dos sites que abrem espaço para seus comentários. Respeite o ambiente comum da internet, evitando emporcalhá-lo com carradas de erros de ortografia, vocabulário chulo, expressões “da moda” que não dizem coisa alguma.

Principalmente, respeite a si mesmo. Todo texto que você publica é um sinal do seu autorrespeito, de sua autoestima – e do quanto você se esforça para ser respeitado e estimado. Respeite o esforço e o investimento que seus pais fizeram ao matriculá-lo numa escola. Respeite o esforço e o investimento que você mesmo fez ao frequentar essa escola, cumprir as tarefas, submeter-se a provas.

É muito fácil demonstrar esse respeito. Basta ler novamente o seu próprio texto antes de clicar em “Enviar”. Adquira o hábito de reler tudo o que escreve com o objetivo de corrigir os próprios erros e de melhorar a qualidade geral de seu texto.

Se você já tem o hábito de respeitar os leitores, está pronto para se beneficiar deste curso online de redação. Em todas as lições, você terá a oportunidade de ler novamente o seu próprio texto, em busca de soluções melhores, mais inteligentes, mais sonoras, mais eficientes. Você também exercitará exaustivamente a reescrita de trechos de textos de outras pessoas, corrigindo erros e criando suas próprias soluções.

Enfim, escrever é uma atividade para quem respeita os leitores e a si mesmo. Quando estiver pronto para começar, estarei pronto para ajudá-lo a conquistar definitivamente o respeito e a estima de seus leitores – basta fazer sua matrícula!

Atenção ao enunciado!

Todo professor pode testemunhar que um dos erros mais frequentes encontrados durante a correção de provas e exercícios é a desobediência ao enunciado da questão. Em termos simples, o enunciado pede uma coisa e o estudante faz outra, um erro que se torna ainda mais doloroso quando o estudante redige uma resposta perfeitamente correta… Para o exercício errado!

É extremamente importante ler atentamente o enunciado para entender o que o examinador espera de você. Por exemplo, muitos anos atrás, participei de um concurso em que disputava uma vaga de emprego numa universidade junto com mais 17 candidatos.

Isso mesmo: o vencedor teria de vencer nada menos do que 17 concorrentes!

Mais: eu era bastante jovem − 24 anos − e, meus concorrentes, todos experientes professores de universidades particulares. Eu sabia que meu modesto currículo não seria capaz de vencer a experiência de meus competidores… Mas não foi necessário porque nada menos do que 16 concorrentes foram eliminados logo na primeira etapa, a prova escrita!

Eu fui um dos aprovados na prova escrita. O outro candidato aprovado era ainda mais jovem do que eu, tendo apenas 23 anos!

Durante os 14 anos seguintes, fui professor dessa universidade e, nesse período, tive oportunidade de perguntar ao presidente da banca examinadora qual fora o motivo da eliminação em massa.

Resposta: “Você e o outro candidato foram os únicos que responderam à pergunta do enunciado. Todos os outros começaram a escrever tudo o que sabiam sobre o assunto, mas se esqueceram de responder à pergunta”.

Uma lição para a vida! Aprenda-a você também!

Reflexões livres sobre o trabalho de tradução

Fui contratado, há pouco tempo, para traduzir uma obra literária. Trata-se de um desafio muitíssimo interessante que suscitou em mim uma miríade de reflexões sobre o ato de escrever porque o ofício de “traduzir” se manifesta, na prática, como a recriação de uma obra existente em idioma diverso do original. De fato, o que todo tradutor deseja é reproduzir, tão fielmente quanto possível no idioma de destino, a experiência desfrutada pelos leitores da obra em seu idioma de origem. A grande dificuldade resulta de que a experiência do leitor com um texto qualquer, especialmente uma obra literária, é a resultante das escolhas do autor tais como se manifestam nos três eixos fundamentais que apresentamos na figura 1.

 Figura 1: Os três eixos fundamentais da experiência do leitor com um texto.

Figura 1: Os três eixos fundamentais da experiência do leitor com um texto.

O autor, ao criar um texto, procede à articulação de signos linguísticos em três vetores. O primeiro é o que chamo de “Voz do autor”, compreendendo a sonoridade das palavras escolhidas, o ritmo e a melodia internos ao fluxo do texto, as inversões e decisões sintáticas, a extensão das frases e parágrafos, entre outros elementos que tornam um autor reconhecível em seu próprio texto, ainda que não tenha se identificado.

O segundo vetor é o do significado. Este vetor compreende tudo o que o autor disse, explícita ou implicitamente, denotativa ou conotativamente, inclusive o seu uso de humor e ironia, a intencionalidade subjacente às figuras de estilo que emprega, o sentido das analogias a que recorre, o rumo geral da argumentação, a aplicação de técnicas de persuasão, a seleção e a exposição de fatos, entre muitos outros componentes que definem o “conteúdo da mensagem”.

Finalmente, o terceiro vetor se refere à inteligibilidade do texto por parte do leitor pretendido. De modo geral, praticamente todo escritor (há exceções!) redige o seu texto tendo em mente um “leitor ideal” capaz de entendê-lo sem grande esforço.

Em um mundo ideal, o tradutor conseguiria sempre reproduzir com perfeição todas as sutilezas da voz do autor e cada uma das mais tênues nuanças de significado em um texto tão inteligível em seu idioma pátrio quanto no original. Na prática, porém, o tradutor se sente, nos mais das vezes, como se usasse um cobertor curto, porquanto cada decisão que privilegia um vetor origina uma deformação nos demais.

Figura 2: Quando o tradutor privilegia a inteligibilidade, é inevitável uma deformação na voz e no significado originais.

Figura 2: Quando o tradutor privilegia a inteligibilidade, é inevitável uma deformação na voz e no significado originais.

Observe, por exemplo, a figura 2. Nesse caso, o tradutor optou por enfatizar a legibilidade com o sacrifício da voz do autor, bem como de parte do significado original. Este tipo de deformação é praticamente inevitável quando o trabalho se destina a um público menos instruído do que o originalmente pretendido pelo autor, por exemplo, nas adaptações de obras literárias para o público infanto-juvenil, ou nas atualizações de obras antigas para a linguagem atual.

Figura 3: A busca obsessiva pela fidelidade ao significado original pode comprometer até mesmo a inteligibilidade da tradução.

Figura 3: A busca obsessiva pela fidelidade ao significado original pode comprometer até mesmo a inteligibilidade da tradução.

Na figura 3, você pode ver a representação gráfica de uma situação em que o tradutor opta pela busca obsessiva do significado original em prejuízo da voz do autor e da própria inteligibilidade texto. Este tipo de deformação é comum na tradução de textos acadêmicos, sejam de natureza científica ou filosófica, em que o tradutor, temendo ser acusado de “adulterar” o sentido original, produz uma tradução que, por vezes, obriga o leitor, para entender a tradução, a um esforço muito maior do que seria necessário caso conhecesse o idioma original.

Figura 4: A ênfase na voz do autor é frequente na tradução de textos poéticos.

Figura 4: A ênfase na voz do autor é frequente na tradução de textos poéticos.

Finalmente vemos, na figura 4, a situação, frequente na tradução de textos poéticos, em que o tradutor se preocupa tanto em reproduzir a voz do autor que, de certa forma, acabando escrevendo um “poema original”, diferente do que pretendia traduzir, tamanhas são as deformações introduzidas no significado e na inteligibilidade.

Como encontrar o equilíbrio entre os vetores de tradução

A primeira ideia que, provavelmente, ocorrerá às pessoas que se defrontam com o desafio de equilibrar os vetores voz/significado/inteligibilidade em um projeto de tradução costuma ser a busca do “meio-termo”, isto é, a mistura de um “pouco” de cada ingrediente com sacrifício de “um pouco” dos demais. Embora a ideia faça sentido no plano das hipóteses, a verdade é que, na prática, o resultado dessa opção costuma ser bisonho. Em primeiro lugar, porque não existe uma régua capaz de medir o quanto, exatamente, é “um pouco”. Segundo, é difícil prever o impacto real de cada decisão do tradutor, pois até mesmo uma pequena alteração em um dos componentes pode produzir uma grande deformação nos demais. Terceiro, a mistura “equitativa” de técnicas de influenciar vetores quase sempre é tão desastrosa quanto uma mistura “equitativa” dos ingredientes de um bolo. Não, infelizmente, você não obterá um bolo comestível misturando duas xícaras de sal, duas xícaras de açúcar, duas xícaras de fermento, duas xícaras de farinha, duas xícaras de margarina… É preciso misturar os ingredientes nas proporções exatas!

É por isso que, de acordo com meu julgamento, as melhores traduções são aquelas que procuram se aproximar das proporções originais adotadas pelo autor. Por exemplo, quando o autor original enfatiza, acima de tudo, a inteligibilidade, com sacrifício de uma voz personalizada e de sutilezas no significado, essa deve ser orientação geral da tradução, o mesmo sendo válido para todos os demais vetores.

Assim, embora a tradução seja uma tarefa que se cumpre palavra a palavra, frase a frase, parágrafo a parágrafo, o trabalho do tradutor não se encerra no momento em que ele verte a última palavra do original para o seu idioma pátrio. Ao contrário, esse é o momento em que ele dá início a uma revisão geral do conjunto da tradução. Nesta etapa, o tradutor compara os vetores da versão que produziu com os do original, alterando palavras, frases e parágrafos de modo a minimizar as inevitáveis deformações e produzir no leitor uma experiência de leitura o mais próxima possível da que obteria caso fosse um leitor nativo do idioma do texto original.

Vocabulário: você entende o que você mesmo escreve?

A pergunta do título – “Você entende o que você mesmo escreve?” – parece tola, talvez até ofensiva. Afinal, todos sabemos o que queremos dizer quando escrevemos um texto qualquer – pelo menos, durante a maior parte do tempo. O problema para o qual desejo chamar sua atenção não se refere ao que você “quis” dizer, mas ao que você efetivamente “disse” ao escolher certas palavras para expressar o seu pensamento na forma escrita.

Imagem: Pencil with checklist" por cuteimage, cortesia de Freedigitalphotos.net.

Você realmente conhece o significado de cada palavra que escreve em seus textos? – Imagem: “Pencil with checklist” por cuteimage, cortesia de Freedigitalphotos.net.

Por exemplo, vejamos o que diz um texto da agência internacional Reuters sobre uma recente operação da Polícia Federal:

Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)…

A escolha das palavras sugere que o autor do texto, provavelmente, não sabe o que está dizendo. Veja: um “mandado” é uma “ordem”. Se um ministro do STF “manda”, todo mundo obedece, concorda? Portanto, um “mandado” não precisa de “autorização” de ninguém! Afinal, todos sabem que, na prática, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”!

Mas digamos que o repórter estivesse se referindo ao documento, ao papel timbrado com assinatura e autenticação do ministro. Ainda assim, o documento não foi “autorizado”, mas “emitido”, pelo ministro!

Em geral, evito criticar os erros de redação em notícias, já que a rapidez, inevitavelmente, incrementa o número de erros. Acredito que tenha sido esse o caso da notícia publicada no site da agência Reuters. De todo modo, vemos com muita frequência esse tipo de construção, em que a ignorância quanto ao sentido original de uma palavra vem à tona da forma mais explícita quando o escritor decide associá-la a outra palavra de sentido ou significado incompatíveis.

Um “mandado autorizado” é um caso extremo, mas há outras situações mais sutis. Por exemplo, em um texto sobre culinária, leio que um prato foi “confeccionado”. Ora, não podemos dizer que o uso do verbo “confeccionar”, neste caso, esteja “errado”. Mas precisamos admitir que a palavra “confecção” está de tal modo associada à produção de artigos de vestuário que seu emprego no contexto de uma receita culinária se torna, no mínimo, estranho, demonstrando falta de intimidade do autor com o mundo da culinária, em que os pratos são “preparados”, jamais “confeccionados”.

A habilidade de escolher as palavras certas para cada frase que vamos escrever envolve um domínio amplo do significado e do sentido de cada palavra, de modo que o escritor deve incorporar como um hábito a consulta regular a dicionários. Mas o simples recurso ao dicionário nem sempre basta: também é indispensável a manutenção de uma rotina diária de leituras para absorver o uso corrente de cada palavra em cada contexto, assimilando as mudanças inerentes a toda língua viva.

Neste curso online de redação você terá acesso a 20 lições especificamente concebidas para ampliar e aperfeiçoar o seu vocabulário, abrindo caminho para aprimoramento contínuo de seus critérios de escolha de palavras. Não perca mais tempo e faça já sua matrícula!

Novo design

Novo design do site "Curso Online de Redação"

O novo design do site é adaptado a todas as resoluções de tela da atualidade.

Atualizamos hoje o visual do site com o tema para WordPress Mesocolumn. Além de um design mais leve, agradável e com maior legibilidade, esse novo tema é do tipo responsivo, isto é, “reage” à resolução de tela do visitante, adaptando-se automaticamente tanto a monitores de grande resolução quanto as telas reduzidas de tabletes e smartfones. O tema conta também com páginas 404 amigáveis ao usuário e outros recursos úteis para o visitante.

Realizei pessoalmente todas as traduções do tema para o Português usando o software livre Poedit. Com o intuito de ajudar a quem deseje usar esse ótimo tema para WordPress, disponibilizo para download gratuito minhas traduções no arquivo pt_BR.tar.gz. Importante: Lembre-se de clicar em “Salvar link como…” ao selecionar o link ou você receberá um erro 404!

Aproveito para registrar um agradecimento especial à minha esposa, Géssica Hellmann, pelas adaptações efetuadas no design a partir do tema básico.

Como escolher mestres e críticos

Recebi, nesta manhã, uma mensagem em que um rapaz de 17 anos me perguntava qual seria a idade ideal para começar a se tornar um escritor de sucesso.  Em minha resposta, ponderei que, na verdade, tornar-se escritor é um processo, uma ação contínua de exercício e aperfeiçoamento. Você, de fato, já é um “escritor” desde que foi alfabetizado!

O que você deve fazer, caso queira se tornar um escritor profissional, é continuar estudando, exercitando e aperfeiçoando sua técnica de escrita, frequentando aulas como as deste curso online de redação, lendo livros e artigos e, principalmente, escrevendo e submetendo os seus escritos à apreciação crítica de uma pessoa capacitada a ajudá-lo a se desenvolver.

Este último ponto é fundamental: não mostre seus rascunhos para qualquer um. Nenhuma arma, branca ou de fogo, química ou nuclear, jamais matou tantas carreiras literárias promissoras quanto as críticas maldosas e destrutivas de pessoas invejosas que não suportam ver alguém tentando fazer alguma coisa para que lhes falte competência e coragem.

Por outro lado, entenda: você é e sempre será o seu PIOR crítico. Num momento, você lerá o seu próprio texto e, de tão feliz com o resultado, ficará cego para os seus defeitos mais evidentes. No momento seguinte,  você será assaltado por dúvidas, por um inarredável sentimento de insegurança que o levará a jogar no lixo um texto que, com apenas algumas correções, poderia resultar brilhante.

É nesses momentos de insegurança que muitos escritores iniciantes acabam mostrando seus rascunhos a pessoas da família, pela maior facilidade de obter sua atenção. Em princípio, não há nada de errado em pedir a opinião de um parente mas, ao fazê-lo, muitas pessoas esbarram em dois problemas.

Primeiro: as pessoas que amam você provavelmente se sentirão inibidas de apontar algo além dos defeitos mais óbvios – por exemplo, os erros de ortografia – no texto de um ente querido que os observa com a respiração curta, os olhos brilhando suplicantes de um elogio, as mãos esfregando a ansiedade nas palmas suadas.

O segundo problema é o fato de que as pessoas que mais nos amam nem sempre dispõem do conhecimento e da experiência indispensáveis ao ensino da técnica de escrever, limitando-se a alguns palpites e dicas genéricas que, muito frequentemente, revelam-se inúteis, contraproducentes ou, de outra forma, desprovidas de aplicabilidade prática.

Por tudo isso, repetimos que é fundamental submeter os seus rascunhos à apreciação crítica, mas somente à apreciação crítica de quem esteja capacitado a ajudá-lo a se desenvolver!

O que estou dizendo é que você não deve apresentar seus rascunhos a alguém que não escreva melhor do que você. De preferência, muito melhor. Você não deve apresentar seus escritos a alguém sem ter lido antes alguma amostra dos textos redigidos por essa pessoa. Para um escritor, só interessa a opinião de autores de textos que tenham despertado um sentimento de sincera admiração.

Se você, ao ler o texto de um autor, não pensar algo como “UAU, esse cara escreve bem melhor do que eu!”, conclua logo que você não precisa da opinião desse autor.

O mesmo vale para cursos e palestras. Basta uma rápida busca no Google para encontrar dezenas de sites repletos de fotos, animações e efeitos visuais, com mínimo espaço para textos, oferecendo “aulas de Português” e “aulas de Redação” .

Ora, como você poderia avaliar a competência de um professor de  Português ou de Redação que não se digna a escrever alguma coisa sobre o seu trabalho em seu próprio site? Impossível.

Uma pessoa que não sabe escrever, não pode ensiná-lo a escrever, porque escrever é um ato de criação, não o resultado de uma equação ou de uma extensa análise científica ou estatística. Embora seja possível ensinar Teoria da Literatura sem jamais ter escrito um único conto, é impossível ensinar alguém a escrever um conto sem ter enfrentado na prática cada uma das dificuldades inerentes ao ato da criação de contos.

A criação de textos se assemelha mais às artes culinárias do que à Ciência. Ninguém pode ensiná-lo a cozinhar bem se não for um excelente cozinheiro.

Neste site, escrevo textos considerados “longos” para os padrões normalmente encontrados na web brasileira, porque meu objetivo primordial é selecionar para este curso pessoas que não tenham preguiça de ler. Não se engane: ninguém pode aprender a escrever bem se não estiver disposto a ler muito, pois grande parte do aprendizado da arte da escrita é consequência direta de admiração e imitação. Lemos um autor, admiramos sua escrita, imitamos suas técnicas em nossos próprios textos, superamos a imitação para criar nossas próprias técnicas.

Ora, pessoas que não têm preguiça de ler certamente poderão julgar se o autor de um texto mais extenso tem ou não algo a ensiná-las, tarefa impossível quando tudo o que se oferece ao leitor são pequenas “tripas” de textos permeados de chavões publicitários.

O meu texto está em todas as páginas deste site, em cada página, em cada widget, em cada artigo deste blog. Neste site, não há nem uma única palavra que não tenha sido originalmente redigida por mim, inclusive a Política de Privacidade e os Termos de Serviço. Examine com atenção os textos deste site e, caso perceba que você tem algo a aprender com o autor desses textos, confira nossa proposta de curso e faça sua matrícula.

Redação para o vestibular ou para a vida toda?

Pretty Kids Appearing For Annual Exam", cortesia de Free Digital Photos

Foto: “Pretty Kids Appearing For Annual Exam” cortesia de Free Digital Photos

Conforme vamos avançando no segundo semestre, aumenta a preocupação dos jovens com os testes vestibulares e com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Em resultado, começam a pipocar as consultas a este site expressando a preocupação dos estudantes com a adequação deste curso a esta ou aquela prova específica. Como se trata de uma consulta frequente, é bom tornar pública a nossa visão sobre as habilidades que você irá adquirir ao participar deste curso.

Como já disse em inúmeras ocasiões — e vou repetir todas as vezes que for necessário — o objetivo deste curso é ensinar pessoas a redigir bons textos dissertativos-argumentativos em Língua Portuguesa. Uma vez que você tenha atingido esse objetivo, você será capaz de escrever literalmente QUALQUER texto de caráter argumentativo-dissertativo: redações de vestibulares, cartas comerciais, projetos de conclusão de curso superior, dissertações de mestrado e doutorado, artigos científicos, provas dissertativas sobre qualquer assunto, ensaios, artigos de opinião, manuais, livros técnicos, enfim, qualquer tipo de texto cuja base seja dissertativa-argumentativa!

Minha preocupação como professor ao desenvolver este curso online de redação foi atender às pessoas que querem se tornar bons escritores em sua área profissional. O objetivo deste curso não é formar poetas, romancistas, novelistas, biógrafos, roteiristas de rádio, cinema e TV ou redatores publicitários, já que estas são “formas textuais” que exigem formação profissional.

Já as “formas textuais” exigidas em vestibulares e outros testes, exames e concursos públicos não passam de variações do velho e bom texto “dissertativo-argumentativo”, com um ou outro detalhe formal que pode ser aprendido em cinco minutos, numa rápida pesquisa Google.

Não se engane: difícil mesmo é aprender a redigir com sonoridade, Lógica e uso inteligente da Gramática. Este é o foco deste curso online de redação.

É claro que, se você estiver apenas em busca de “dicas rápidas para passar na redação do vestibular”, este, definitivamente, não é o curso para você. Mas, se o seu objetivo for aprender a escrever bem de uma vez por todas, para que nunca mais na vida se sinta inseguro ao redigir um trabalho de faculdade ou um documento no seu local de trabalho, este é o curso ideal.

Se você estiver com muita pressa, pode terminar o curso muito rapidamente, simplesmente fazendo uma aula por dia, de segunda a sexta. Nesse ritmo, em apenas três meses você terá completado metade do curso e, sem dúvida alguma, estará se sentindo muito mais seguro ao redigir do que hoje. De fato, já na primeira semana, você exercitará técnicas que poderão fazer o seu texto dar um primeiro salto de qualidade.

Enfim, estou à disposição para ajudar você a aprender rapidamente a escrever bem para o resto de sua vida. Caso esteja interessado, faça já sua matrícula.

A vírgula não é um detalhe

Vírgula - imagem do Wikimedia Commons

A vírgula, sempre discreta, ocupa mínimo espaço na página mas desempenha funções imensamente importantes na Comunicação escrita!

Nas conversas cotidianas, é comum dizer que sofremos algum dano “por causa de uma vírgula”, implicando que nosso sofrimento foi devido a um simples detalhe insignificante.

Acontece que a vírgula não é um detalhe, mas um elemento importantíssimo de significação. A vírgula não só modifica o ritmo da frase, indicando pausas para respiração, como muda o sentido frase, altera a sintaxe, separa elementos, organiza listas, indica conexões lógicas e, além disso, revela o estilo do escritor: fluido, caudaloso, entrecortado, digressivo, detalhista, panorâmico, romântico…

O uso inteligente dos sinais de pontuação é uma habilidade essencial à formação de um bom escritor. Já o mau uso dos sinais de pontuação pode causar todo tipo de mal entendido. Por exemplo:

(Wrong) Let's eat Grandpa! (Right) Let's eat, Grandpa!

O correto emprego da vírgula pode salvar vidas!

Na imagem acima, você vê duas frases em inglês. A primeira significa “Vamos comer vovô”! É um convite ao canibalismo! Já a segunda frase significa “Vamos comer, vovô”! É um momento de carinho entre o neto e seu avô.

A diferença gritante entre um ato de canibalismo e um ato de carinho nas duas frases acima foi provocada unicamente pelo uso da vírgula, tanto em Inglês como em Português!

Não há espaço neste blog para explicar todos os detalhes do uso inteligente da vírgula, mas acredito que você poderá se beneficiar de uma explicação que redigi agora há pouco na correção de um exercício de um aluno do Curso Online de Redação.

“Aproveitando para explicar este uso gramatical da vírgula: sempre redija os apostos – isto é, expressões explicativas intercaladas a partes da oração – entre vírgulas, travessões ou parênteses. Das três opções, dê preferência à vírgula, já que você nunca estará ‘errado’ ao empregar a vírgula para isolar um aposto.

Os parênteses são normalmente usados incluir informação que esteja totalmente fora do assunto da frase ou do texto (por exemplo, esta frase dentro destes parênteses) mas que o autor julga importante acrescentar, pelos mais variados motivos. Já os travessões, em termos gerais, indicam uma situação em que o autor se dirige diretamente ao leitor – por exemplo, incluindo uma reflexão pessoal – dando um aspecto mais informal à redação.

De todo modo, prefira a vírgula!”

Outra situação em que a vírgula costuma ser muito mal utilizada é na sinalização de inversões. Leia a explicação abaixo:

Mais uma observação sobre o uso gramatical da vírgula: sempre que você inverter os termos da frase, separe a parte invertida com uma vírgula. Por exemplo:
Frase na ordem direta: Ele fez o gol da vitória ao apagar das luzes. (Sem vírgula!)

Algumas possíveis inversões:

  • Ao apagar das luzes, ele fez o gol da vitória.
  • O gol da vitória, ele o fez ao apagar das luzes.
  • Da vitória, ele fez o gol ao apagar das luzes.

Como você pode ver, embora este não seja um curso de Gramática, muitas de suas dúvidas e dificuldades gramaticais serão resolvidas paulatinamente, ao longo das lições.

Afinal, não podemos admitir a possibilidade de que você perca pontos em uma prova só por causa de uma vírgula!

Aulas de Redação Online